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Pesquisa da Unesp de Araraquara cria QR Code inteligente que pode ser usado como sensor

Novo código utilizou isopor, óleo da laranja e compostos químicos especiais que permitem irradiação de luz

Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unesp de Araraquara (SP), em parceria com a Universidade de Aveiro, em Portugal, desenvolveram um novo QR Code que, além de compartilhar informações, tem potencial para armazenar dados e pode ser utilizado como um sensor inteligente.

De acordo com um dos autores do estudo, Fernando Maturi, as substâncias utilizadas na geração do código respondem a estímulos particulares de luz infravermelha, além de serem sensíveis à temperatura. Com a tecnologia desenvolvida pelo IQ, é possível obter diversas informações de acordo com a intensidade e a coloração da luz emitida pelo código, que podem variar conforme a potência do laser que o irradia.

"Com isso, poderíamos utilizar o QR Code, por exemplo, em forma de etiqueta nas embalagens de um produto para indicar se o alimento está próprio para consumo com base na cor emitida pelo QR Code, em cédulas de dinheiro para avaliar se elas são falsas ou simplesmente para monitorar a temperatura de uma geladeira ou de um frigorífico”, afirmou Maturi, doutorando do IQ e um dos autores da pesquisa.

Materiais

Para isso, os cientistas utilizaram óleo da casca da laranja, isopor e alguns compostos químicos que emitem luz quando iluminados por lasers infravermelhos. A tecnologia tem um apelo sustentável, segundo seus criadores.

“É muito fácil produzir isopor, mas uma pequena quantidade desse material já ocupa um espaço imenso, tornando-o um produto difícil de ser descartado. Muitas vezes, esse material acaba indo parar nas ruas ou nos oceanos", disse Maturi.

Já o óleo da casca da laranja, outro material da composição, é considerado 'nobre' por ser muito valorizado pela indústria perfumista e também é utilizado na aromatização de alimentos. Ele ainda é muito rico em limoneno, que atua como um excelente solvente natural e foi justamente este composto que foi utilizado pelos pesquisadores.

Os pesquisadores coletaram pedaços de isopor das lixeiras do Instituto de Química e os dissolveram no limoneno, formando uma espécie de tinta. Na sequência, eles adicionaram substâncias refletoras da luz infravermelha.

QR Codes 'inteligentes'

Segundo o pesquisador, o objetivo foi aumentar o valor agregado do produto, conferindo a ele novas funcionalidades a partir de uma inovação tecnológica. O novo material abre caminho para a incorporação de camadas adicionais de segurança utilizando materiais luminescentes na produção desses códigos, como tintas opticamente ativas que guardam informações sensíveis, as quais poderiam ser acessadas somente após os compostos serem expostos a fontes de luz específicas.

Nos últimos anos, pesquisadores têm se esforçado para desenvolver novos materiais inteligentes baseados em QR Codes para melhorar o nível de criptografia de dados compartilhados e aumentar a capacidade de armazenamento de informações, principalmente quando comparamos com os códigos de barra convencionais ou com os QR Codes em preto e branco. Além disso, os QR Codes inteligentes luminescentes armazenam tags de autenticação exclusivas que podem ser transmitidas com segurança para um servidor remoto, permitindo rastreabilidade e acionamento de alertas.

O trabalho, que foi capa da edição de junho da revista científica internacional Advanced Photonics Research e foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de Portugal.

Também teve o apoio da indústria de suco Citrosuco, que fica em Matão (SP) e forneceu o limoneno usado no estudo.

 

Imagem: pixabay

Link da matéria: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2022/07/11/pesquisa-da-unesp-de-araraquara-cria-qr-code-inteligente-que-pode-ser-usado-como-sensor.ghtml

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