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INEP APONTA PROBLEMAS NA APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA INFANTIL APÓS PANDEMIA

Números indicam que aulas remotas podem ter prejudicado seriamente o processo de ensino aprendizagem das crianças em fase de alfabetização. A ausência de interação entre professores e alunos é de grande importância nessa fase

Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foram divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que em 2022 alunos do 2º ano apresentam maiores dificuldades de leitura e até mesmo analfabetismo do que em 2019.

Os números passaram de 15% para 34% nesse período de dois anos, momento em que as aulas presenciais tiveram que ser substituídas por ensino remoto. E os dados nos mostram agora os danos advindos dessas metodologias para alfabetização infantil.

Para Clara Machado da Silva Alarcão, coordenadora-geral substituta do Saeb "Isso não foge do esperado. Nessa faixa etária, a mediação presencial [do professor] é especialmente importante".

Tereza Perez, diretora-presidente da Comunidade Educativa Cedac, afirma que as interações sociais entre os alunos também são de grande relevância para o processo de ensino aprendizagem, e os espaços escolares permitem a convivência social. Segundo ela:

"Aprender a ler e a escrever envolve tentativa e erro, passa por mostrar para o outro, comparar, perguntar para a professora. Sabemos que os alunos tiveram essas oportunidades reduzidas durante as aulas on-line e que muitos nem tiveram acesso [à internet]".

O distanciamento social impediu que as crianças socializassem com professores e colegas, e os números mostram que a ausência da interação impactou nos processos de aprendizagem infantil.

A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) ao analisar os resultados diz que "é importante que as redes municipais (...) reúnam seus profissionais da educação para analisar o impacto da pandemia na aprendizagem dos alunos".

"O Saeb 2021 também atesta os efeitos mais acentuados da pandemia nas redes de ensino com menor infraestrutura, que não puderam oferecer conectividade a seus estudantes e professores, o que foi agravado pela condição socioeconômica das famílias mais vulneráveis", informou o órgão.

Não apenas o aprendizado de leitura e escrita foi prejudicado, os de matemática também foram impactados negativamente, de acordo com os dados.

No 2º ano do ensino fundamental em 2019, antes da pandemia, os dados eram de 16% de crianças não eram capazes de fazer operações matemáticas básicas, os números subiram para 22% em 2021.

O quadro de deficiência na aprendizagem durante a pandemia pode ser pior, já que a avaliação foi realizada entre novembro e dezembro de 2021, e nem todas as escolas já tinham retornado ao ensino presencial, e para Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais da ONG Todos Pela Educação “É complicado comparar uma rede em que 95% dos alunos fizeram a prova com outra em que 50% prestaram o exame. Aqueles alunos que não compareceram tendem a ser os que estavam em maior vulnerabilidade, afastados da escola. Mesmo que de forma não proposital, isso seleciona os alunos participantes e interfere na nota”. Os números tendem a aumentar quando todos os estudantes forem devidamente avaliados.

De acordo com o Inep, apenas 71,3% dos alunos realizaram a prova em 2021, ao passo que em 2019 foram 80,99%. Mas Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) afirma que "A comparação entre os resultados deve ser evitada".

 

Imagem: arquivo Sieeesp

Link da matéria: https://lorena.r7.com/post/INEP-aponta-problemas-na-aprendizagem-de-leitura-e-escrita-infantil-apos-pandemia

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