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Realidade virtual como ponto de partida para a inclusão de estudantes

Professor alfabetizador da rede municipal do Rio de Janeiro conta como investe em experiências de realidade virtual e aumentada com alunos surdos

Inovação é uma daquelas palavras que gostamos de usar sempre que possível. Inovar significa fazer mudanças ou fazer algo de uma nova maneira. Costumo dizer que inovar não necessariamente é reinventar a roda, mas fazer com que ela rode mais, melhor, com menos atrito, com menos desgaste, na direção correta. Inovar não exige que você invente. A inovação é a criatividade e a adaptabilidade.

Nas últimas décadas, as escolas começaram um processo de caminhar em direção a novas possibilidades, vislumbrando o futuro. Os professores começaram a usar não só uma educação presencial, mas dar espaço ao virtual em suas aulas. Cadernos se intercalam com tablets e lousas com smartboards. Agora também é possível adicionar a este cardápio mais variedades, como experiências de realidade virtual totalmente imersivas.

O cardboard é um par de óculos barato, muitas vezes feito de papelão, lentes e peças simples, que podem ser montados por nós mesmos (o Google disponibiliza um kit para a construção, neste link). O objeto permite aos usuários explorar aplicativos de realidade virtual diretamente em seus smartphones.

O processo é simples: baixar um dos muitos aplicativos de realidade virtual disponíveis para o sistema do seu telefone, colocar o telefone no compartimento designado na parte de visualização do cardboard e olhar pelas lentes para iniciar sua experiência.

O resultado é uma imersão completa em um lugar (como o Maracanã) ou experiência (como visitar um museu ou conhecer o interior do corpo humano sendo atacado por um vírus). Neste mundo tridimensional, você pode olhar ao redor movendo sua cabeça exatamente como faria se estivesse no espaço físico. 

A realidade virtual (RV) pode ser usada para melhorar o aprendizado e o engajamento dos alunos. A educação em RV pode transformar a forma como o conteúdo educacional é entregue; ele funciona com a premissa de criar um mundo virtual – real ou imaginário – e permite que os usuários não apenas o vejam, mas também interajam com ele. Estar imerso no que você está aprendendo o motiva a compreendê-lo completamente. Vai exigir menos carga cognitiva para processar a informação.

Essa tecnologia, que é bastante usada para entretenimento pessoal, também está sendo aproveitada para fins educacionais para animar a sala de aula e tornar o aprendizado mais experimental a um custo baixo.

Sempre tive interesse em usar a RV nas aulas. Sempre gostei de inovar para educar e incluir. Ouvi em alguma palestra (não encontro a fonte, mas não duvido dos resultados) que um instituto japonês fez pesquisas e constatou que a RV e a RA (realidade aumentada) conseguem ampliar os resultados em foco e atenção em até 60%, resultando em melhorias na aprendizagem. Este índice com certeza me interessa, pois meus objetivos vão além de inovar e incrementar a aprendizagem, principalmente dos alunos incluídos na minha escola, na minha turma, no subúrbio do Rio de Janeiro. 

Como professor alfabetizador, tenho o objetivo de estimular a construção de ideias e a explanação delas. Estimular o raciocínio do discurso para que os alunos e alunas consigam “ler” um texto e interpretá-lo, ou contar uma história organizada com início, meio e fim. O que comumente fazia enquanto professor era trazer textos escritos e perguntas escritas e adequá-los aos meus alunos e suas características. Adaptar textos era uma rotina que me auxiliava nas práticas, mas como muitos de meus alunos eram surdos, o texto escrito apenas em língua portuguesa não trazia o engajamento necessário.

 

Imagem: arquivo Sieeesp

Link da matéria: https://porvir.org/realidade-virtual-doug-alvorocado-inclusao/

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