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Governo de SP estuda implementar mudanças no Novo Ensino Médio já no segundo semestre

Em entrevista ao SP1, Renato Dias, coordenador pedagógico da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-SP) afirmou que tem colhido relatos da rede estadual e pretende criar em maio grupo oficial para propor soluções emergenciais no segundo semestre, e mais profundas a partir de 2024

Por Ana Carolina Moreno e João Lucas Martins, TV Globo

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc-SP) estuda aplicar mudanças no Novo Ensino Médio já a partir do segundo semestre letivo.

Um levantamento da TV Globo com mais de 3,6 mil escolas estaduais mostrou que uma em cada cinco oferece apenas até dois itinerários formativos, que, no terceiro ano do ensino médio, responde por 71% da carga horária. Além disso, estudantes e professores reclamam da superficialidade do conteúdo e da concentração de muitas disciplinas nas mãos de poucos professores, que não têm especialização em todas elas.

Em entrevista ao SP1, Renato Dias, coordenador pedagógico da pasta, afirmou que tem colhido reclamações de estudantes e professores do terceiro ano do ensino médio na rede estadual paulista e que, em maio, vai criar um grupo oficial e propor melhorias.

"A gente tem a expectativa de que agora, no início de maio, a gente faça a constituição de um grupo mais oficial, dedicado ao ensino médio, para a gente chegar numa solução. Algumas implementadas no início do segundo semestre, no máximo, mas com certeza uma mudança relevante para 2024. É isso que a rede pede." (Renato Dias, coordenador pedagógico da Seduc-SP)

Em nota, a secretaria afirmou que "estuda ajustes na distribuição da carga horária a partir de 2024" e que, para 2023, "investirá no apoio ao docente, que receberá formação continuada e material didático totalmente digital, com portabilidade de slides editáveis para cada aula a partir do segundo semestre deste ano".

De acordo com Dias, a "hiperdiversidade de itinerários é uma complexidade de assuntos que dificulta a implementação pela professora lá na ponta, que dá para o aluno a sensação de que ele está tendo alguma coisa que seja mais leva, que não seja tão profunda e que não está trabalhando, ou não está conversando com a disciplina da formação geral básica que ele vai encontrar no vestibular daqui a pouco".

Formação geral básica x itinerários formativos

Segundo ele, as informações já coletadas pela secretaria junto às comunidades escolares revelam dois desafios para melhorar o Novo Ensino Médio. "A primeira [questão] é a complexidade de implementar tantos itinerários formativos que ficaram disponíveis para a escolha no ano passado. E a segunda tem a ver com a Formação Geral Básica [FGB], que compete com a carga horária dos itinerários."

"A gente tem recebido muito retorno da rede, em especial dos alunos, dizendo que eles têm poucas horas de matemática, química, física, geografia, ou mesmo de língua portuguesa. (...) Se você inclui algo na carga horária, que é o itinerário formativo, você tem que reduzir em outro lugar, que é na formação geral." (Renato Dias)

Risco de evasão x preparação para o vestibular

Após a aprovação da nova lei do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para essa etapa do ensino básico, a implementação do currículo e da estrutura dos itinerários formativos, que compõem 40% da carga horária total nos três anos, ficou a cargo de cada rede de ensino.

Em São Paulo, assim como em outros estados, parte da discussão girou em torno do desafio de manter o interesse dos estudantes e combater a evasão escolar, que aumenta consideravelmente no segundo e terceiro ano do ensino médio.

"Historicamente, aqui e em outros estados, se concluiu que essa escolha [dos itinerários formativos] faz mais sentido fazer do segundo e do terceiro. Significa que no primeiro ano não tem, ou tem muito pouco de itinerário formativo, e essa carga fica concentrada no segundo e terceiro", explicou Dias.

O coordenador pedagógico explicou, porém, que a rede já estuda readequar a divisão das duas cargas horárias – a obrigatória e a optativa. São dois os objetivos: melhor preparar os estudantes para o vestibular, e aprimorar a qualidade do conteúdo das disciplinas dos itinerários.

"É uma ação para a gente dar, por um lado, melhores itinerários, itinerários mais bem dados pelas professoras, porque é essa complexidade, gerou uma complexidade de implementação", disse ele.

"Por outro lado, mais carga horária das disciplinas que eles vão precisar no vestibular. A gente está desenhando hipóteses para incidir alguma mudança nesse ano. Isso a gente não está fazendo sozinho, não está fazendo aqui na secretaria só. A gente está conversando com as escolas, com os dirigentes, com os professores e alunos, conversando com o Conselho Estadual [de Educação]. É para dar uma resposta rápida, certa."

Segundo ele, a pasta mantém um fórum de diálogo com todos os 91 dirigentes do Estado. "Um mês atrás, a gente fez uma dessas reuniões e levantou esse assunto, já colheu experiências, hipóteses sobre esse assunto. Até o fim de abril a gente vai fazer mais uma reunião dessa, e aí a gente vai ter uma sessão dedicada à questão do ensino médio para colher com eles."

Para o início de maio, a previsão é ter um grupo de trabalho oficial dedicado às melhorias do Novo Ensino Médio, com algumas medidas sendo implementadas já no segundo semestre.

Consulta pública do MEC

Enquanto isso, Dias afirmou que também participa da consulta pública sobre o Novo Ensino Médio criada pelo Ministério da Educação no início de março.

"Na semana passada a gente teve conversas, reuniões com a Secretaria Executiva do MEC", afirmou ele. Um dos assuntos tratados foi justamente a consulta pública.

Na portaria do ministério, a consulta será feita até o início de junho por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas com alunos e docentes. Em nota à reportagem, o MEC afirmou que ainda não tem um balanço parcial das ações já realizadas.

"Todos os atores do Ministério da Educação e entidades que conduzem a Consulta Pública estão trabalhando coletivamente na construção dessa agenda. Os detalhamentos dos instrumentos serão tornados públicos assim que concluídos", informou a pasta, em nota.

 

Link da matéria: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/educacao/noticia/2023/04/19/governo-de-sp-estuda-implementar-mudancas-no-novo-ensino-medio-ja-no-segundo-semestre.ghtml

 

Imagem: NOVO ENSINO MÉDIO

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