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Método pomodoro: como técnica que prevê intervalos no estudo pode melhorar seu desempenho nos vestibulares

Faltando um mês para o Enem, conseguir manter o foco pode fazer a diferença no rendimento na hora da prova. Veja como esse e outros 5 métodos de estudo funcionam e escolha o seu.

A praticamente um mês do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ter uma técnica de estudos certeira pode te ajudar a manter o foco, otimizar seu tempo e garantir mais produtividade e um desempenho melhor nas provas. Um dos métodos amplamente difundidos no âmbito escolar e que pode fazer diferença nesta reta final é o pomodoro. (Veja outros ao final da reportagem.)

Contexto: a técnica pomodoro foi desenvolvida pelo italiano Francesco Cirillo. Na década de 80, quando ainda era estudante universitário e precisava ler textos extensos, ele teve a ideia de usar um temporizador de cozinha (timer) para gerenciar seu tempo de estudo: ele marcava blocos de 25 minutos de estudo, intercalados com 5 minutos de pausa. O timer tinha o formato de um tomate (pomodoro, em italiano) - daí a origem do nome do método.

Como funciona

Na prática, é bem simples: o aluno decide a atividade que vai fazer ou o conteúdo que vai estudar e define espaços de tempo para fazer isso com concentração total.

O período clássico é de 25 minutos de estudo para 5 de pausa, mas podem ser blocos mais curtos, de 15 a 20 minutos, ou mais longos, de 35 a 45 minutos. E, a cada bloco estudado, ele faz uma pausa de 5 a 10 minutos.

Para aplicar a técnica é preciso apenas do material de estudo e de um cronômetro — não precisa, necessariamente, ser um temporizador de cozinha. Veja no passo a passo:

  1. Faça uma lista dos exercícios e conteúdos que quer estudar.
  2. Defina, em um temporizador ou cronômetro, o tempo de 25 minutos.
  3. Realize a atividade escolhida até o tempo terminar. Evite interrupções neste processo.
  4. Após o fim do tempo, faça uma pausa de 5 minutos.
  5. A cada 4 ciclos de estudo completos, faça uma pausa maior de 30 minutos.

 

O ideal é não interromper o tempo de estudos com o que não for urgente, como checar mensagens e e-mails ou olhar as redes sociais. Isso pode ser feito no tempo de descanso.

Para marcar o tempo, você pode utilizar o cronômetro do celular ou despertador. Mas, se quiser algo ainda mais específico, existem aplicativos e sites desenvolvidos especialmente para isso, com configurações de tempo para cada usuário.

E o que acontece se o estudante não resolve a equação ou não termina o capítulo dentro do tempo estipulado? Se faltar pouco para acabar, vale a pena estender o tempo de estudo um pouco mais. Mas, se não for esse o caso, o melhor é fazer o intervalo e voltar para isso depois, com a mente descansada.

E não existe uma recomendação máxima de quantos ciclos podem ser feitos ao longo do dia. Isso vai depender do tempo de cada pessoa e da lista de tarefas proposta.

Ajuda na concentração

O método é eficaz especialmente para quem tem dificuldade de manter a concentração por muito tempo.

“Se o aluno se dispersa facilmente e têm ‘apagões’ de concentração durante o horário de estudo, ele provavelmente vai se beneficiar do método pomodoro”, avalia Paulo Viegas, professor e coordenador pedagógico do colégio Saber e Aprender, em Divinópolis (MG).

A vantagem da técnica é que pode ser adaptada pelo aluno, segundo explica Camila Cavalieri, diretora-geral e responsável pela estratégia pedagógica do colégio Ao Cubo, no Rio de Janeiro.

Se uma pessoa não consegue ficar concentrada por 40 minutos na mesma atividade, ela pode tentar fazer por 20. O importante é respeitar os blocos e intervalos, para criar um sistema funcional”.
— Camila Cavalieri, do colégio Ao Cubo

Alívio da ansiedade

Para Margarida Aidar, que é psicopedagoga e mestranda em ensino e aprendizagem pela Universidade de São Paulo (USP), um dos maiores benefícios da técnica é ajudar a administrar a ansiedade.

"Pessoas sob pressão têm maior chance de procrastinar e, atualmente, o jeito mais comum de fazer isso é mexer no celular. Por isso, muita gente se priva de usar o aparelho enquanto estuda, mas fica ansiosa. O pomodoro dá um tipo de 'fuga permitida' ao estudante, contanto que ele volte a se concentrar ao fim do intervalo. Geralmente, isso funciona bem.
— Margarida Aidar, psicopedagoga e mestranda em ensino e aprendizagem pela USP.

O professor Paulo Viegas concorda. Ele conta que era comum ver os alunos dispersos e nervosos pela falta de produtividade na sala de aula. Foi então que, há 2 anos, resolveu adotar o método e viu a melhora no comportamento e no rendimento dos alunos.

"Antes, eles prestavam atenção por até 10, 15 minutos, e começavam a brincar. Era difícil trazer a atenção deles de volta para as atividades. Agora, nosso combinado é fazer uma atividade em 15 minutos e eu permito uma pausa. Todos reagiram bem com essa nova proposta", diz.

Outro ponto positivo, na avaliação dele, é ver os alunos mais seguros e confiantes por sentirem mais prazer em estudar.

"É uma relação de ação e recompensa. Eles sentem que o descanso é merecido pois fizeram bem o que foi proposto no tempo de estudo. Então, desfrutam mais tanto do estudo quando do intervalo", explica Margarida Aidar.

Aplicável nos vestibulares

A técnica é ainda uma das mais populares quando o assunto é vestibular. Seja no Enem ou outras provas de longa duração, a técnica pode vir a calhar.

No Enem, o tempo é limitado e as questões são complexas, o que exige concentração. Neste caso, é válido que o aluno faça pausas úteis. Ou seja, responda a um bloco de questões e vá ao banheiro, responda a outro bloco e faça um lanche, responda a mais um bloco e pause novamente.
— Margarida Aidar, psicopedagoga e mestranda em ensino e aprendizagem pela USP.

Segundo a especialista, a técnica pode ser mais útil para quem já está familiarizado e condicionado a esta forma de estudar.

Estudantes que adotaram o método pomodoro contam que o momento de estudo ficou mais produtivo e menos cansativo.

Amanda Meirielle, de 16 anos, que é de São José dos Campos (SP), usa a técnica há 2 anos para o Enem. Ela quer cursar biomedicina em alguma universidade federal e, para isso, precisa ir bem nas provas.

Na primeira vez que fiz o Enem, não fui muito bem. Daí, pesquisei métodos de estudo, testei, e esse foi o que funcionou para mim. No ano passado, fui bem melhor e esse ano tenho melhorado também.
— Amanda Meirielle, aluna do 3º ano da Escola Método de São José.

Já Eduardo Gerpe, de 17 anos, que estuda no Rio de Janeiro, admite que nunca foi muito estudioso. Prestes a concluir o ensino médio e de olho em uma vaga em medicina ou biologia, ele conta que se a técnica tem feito diferença para ele.

Eu não sabia como estudar e precisava de um foco extra, mas queria estudar sem me cansar tanto. Então, em uma aula de orientação acadêmica na escola, a professora introduziu o método pomodoro. Achei interessante e decidi tentar. Como funcionou para mim, utilizo até hoje para estudar.
— Eduardo Gerpe, aluno do 3º ano do colégio Ao Cubo Botafogo.

Outros métodos de estudo

Além da técnica pomodoro, outros métodos também podem dar bons resultados na hora de estudar. Alguns deles são:

  1. Resumo: como o nome já diz, se trata de resumir o conteúdo. Para isso, o aluno lê o material de estudo e escreve uma síntese, preservando os principais conceitos. Esse resumo pode ser revisto e aprimorado ao longo do tempo e também utilizado em revisões. A prática é útil para quem tem facilidade de entender o conteúdo ao traduzi-lo para as próprias palavras.
  2. Fichamento: Semelhante ao resumo, as ideias também são sintetizadas nesta prática, mas organizadas por tópicos ou fichas. Aqui, as sentenças são mais curtas e diretas e as ideias principais precisam ser preservadas. A técnica é indicada para quem consegue lembrar do conteúdo a partir de palavras-chave.
  3. Mapa mental: O mapa mental sugere um mapeamento das ideias de maneira menos linear. Nesta técnica, o aluno transforma o que foi estudado em uma relação de ideias. Ele parte de um ponto principal e vai relacionando esse ponto com outros tópicos.
  4. Prática distribuída: O aluno vai distribuir o tempo de estudo ao longo do dia. Então, se planeja estudar uma disciplina por 3 horas em determinado dia, pode estudar uma hora pela manhã, uma hora à tarde e uma hora à noite. A estratégia é útil para disciplinas mais cansativas ou alunos sem muito tempo livre.
  5. Técnica Feynman: Esse método se baseia na ideia de que, para explicar algum assunto, é preciso entendê-lo. A técnica é dividida em quatro passos: 1) Escrever tudo que sabe sobre um determinado tema. 2) Tentar explicá-lo em voz alta, como se estivesse dando uma aula. 3) Identificar os tópicos que não conseguiu explicar de forma clara e segura. 4) Rever os tópicos nos quais que não foi bem para tentar aprender o que não foi compreendido. Então, é só repetir.
 
 
 
Imagem: gov
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