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Saúde mental do professor: 7 dicas para manter o equilíbrio no dia a dia

Psiquiatra Gustavo Estanislau faz recomendações simples – e muito úteis – para aplicar hoje mesmo e ajudar a reduzir o estresse da profissão docente

Responda rápido: você já prestou atenção na sua respiração hoje? Ela está mais rápida ou pausada? Caso nunca tenha reparado na maneira como inspira e expira, vale lembrar da recomendação materna de respirar fundo quando se sentir estressado ou com medo. E incluir exercícios respiratórios simples, lentos e profundos no dia a dia é mais simples do que parece. De acordo com um estudo da Universidade de Stanford (EUA), apenas cinco minutos de prática podem ajudar a reduzir a ansiedade, melhorar o humor e, consequentemente, trazer benefícios à saúde mental.

“No dia a dia, onde tudo é tão corrido, observar a respiração nos deixa mais atentos ao momento presente, ao aqui e ao agora”, pontua o médico psiquiatra Gustavo Estanislau. E, caso você não consiga separar os cinco minutinhos, uma pequena pausa já será suficiente para ajudar em meio a uma situação difícil. “Uma técnica básica é a respiração quadrada: inspire por quatro segundos, segure a respiração por quatro segundos, expire por quatro segundos e segure a respiração por quatro segundos. Essa respiração reduz a possibilidade de ter a chamada taquipneia, que é quando a gente respira mais rápido do que o normal, geralmente em estados de estresse e ansiedade. Conduzir a respiração nos ajuda a lidar melhor nesses momentos”, recomenda.

Ser professor é ter uma das profissões mais estressantes do mundo, de acordo com a OIT (Organização Mundial do Trabalho). E, no Brasil, mais de 70% dos docentes estão estressados pela sobrecarga de trabalho, aponta pesquisa encomendada pelo Todos pela Educação com o Instituto Península e o Profissão Docente. O estudo Saúde Mental dos Educadores, realizado pela Nova Escola em parceria com o Instituto Ame Sua Mente, mostra que 21,5% dos educadores em 2022 consideraram sua saúde mental “ruim” ou “muito ruim”, frente aos 13,7% registrados em 2021. 

Para Gustavo, que também é pesquisador do Instituto Ame Sua Mente e acaba de lançar o livro “Dilemas na educação: novas gerações, novos desafios” (Grupo Autêntica, 301 páginas) em coautoria com a educadora Alcione Marques, é essencial que o professor esteja consciente da importância de cuidar de suas emoções e que possa se engajar em ações que promovam sua saúde mental. O livro, inclusive, traz um capítulo exclusivo dedicado ao assunto, com trechos que você vai ler ao final da reportagem.

Neste 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, a ONU (Organização das Nações Unidas) faz a defesa da saúde mental como um direito humano fundamental. E o Porvir convidou Gustavo Estanislau para reunir recomendações práticas que todo professor deve seguir. “O bem-estar do professor terá reflexos em sua prática docente, impactando positivamente os alunos, e fará com que tenha melhor qualidade de vida, podendo alcançar maior realização e felicidade”, afirma Gustavo.

Além da dica sobre a respiração, que você conferiu na abertura da reportagem, o especialista sugere outras seis práticas. Confira!

Escreva antes de dormir

Quando se está estressado, o cérebro fica “programado” para detectar problemas e salientá-los. Quando você se esforça para enxergar as coisas pelas quais é grato, isso tende a concorrer com esse outro mecanismo de olhar para as coisas que são negativas ao longo do dia. 

Para ajudar a desligar o cérebro, antes de se deitar, escreva três coisas pelas quais você foi grato ao longo do dia: ter sentido o cheirinho de um bebê que pegou no colo ou de uma comida saborosa, relembrar como o sol da tarde estava gostoso batendo na pele, ter visto uma imagem bonita e prestado atenção. Aqui, não vale ficar preso a ideias muito genéricas, como o fato de ter saúde ou de estar vivo. Esse tipo de percepção, por mais positiva que seja, não é tão interessante quanto agradecer por coisas específicas.

Converse sobre o que você está sentindo

Quem é capaz de falar sobre o que sente ou sobre os problemas que está enfrentando tende a conseguir organizar melhor os pensamentos. Quem guarda dentro de si essas questões de si tem a tendência de ficar mais estressado. Isso gera uma sensação de conexão com o outro, gerando um fator protetor que é o contato social.

Diga não ao sedentarismo

O exercício físico é uma das bases da saúde mental e não precisa ser feito em academia. Pode ser uma caminhada ou andar de bicicleta. Quando se pratica uma atividade física, é produzido um grupo de neurotransmissores chamado endorfinas, e elas funcionam como um analgésico, sedando o corpo para a dor e para o estresse.

Evite a sobreposição de tarefas

A sobreposição de tarefas gera sobrecarga e cansaço. Desligar o telefone antes de ir dormir ou na hora de almoçar reduz o tempo de tela e de estímulos tecnológicos. Vale lembrar que o uso de eletrônicos interfere diretamente na qualidade do sono.

Estabeleça rotinas

O cérebro tende a gostar de rotinas: quando um comportamento é automatizado, ele passa a não gastar mais energia e funciona no automático. É como andar de bicicleta: chega um determinado momento em que não é preciso pensar na força, só no equilíbrio. Estabelecer rotinas e uma certa previsibilidade tendem a reduzir estados de estresse e ansiedade e, quando o cérebro gasta menos energia, poupa para que possamos nos concentrar e para que ele funcione de uma forma mais eficiente.

Durma bem

É durante o sono que se consolidam as memórias importantes do dia a dia e uma boa noite de sono restabelece a energia para o dia seguinte, com o sistema nervoso que consegue reagir às coisas que estão em volta de forma adequada. Quando o sono é picado, tende-se, no dia seguinte, a sofrer de hiper-reatividade aos estímulos que estão à volta, aumentando o cansaço e o estresse.

 

Por Ana Luísa D'Maschio - Link da matéria: https://porvir.org/saude-mental-do-professor/?utm_source=Porvir&utm_campaign=a96e72078f-Newsletter_14.10.23_Outros&utm_medium=email&utm_term=0_9ba572b4f0-7c0b8a2375-%5BLIST_EMAIL_ID%5D

 

Imagem: pixabay

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