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Escolas privadas em SP sofrem com disparada da inadimplência e pedem para reabrir

Calotes no ensino privado atingiram 21,3%; representantes do setor afirmam que estão preparados

Com quase o triplo da taxa de inadimplência usual, escolas particulares criticam o adiamento da reabertura para setembro em São Paulo e afirmam que não podem ser obrigadas a pagar o “alto preço da inoperância do Estado”. 

Segundo dados do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), a inadimplência das escolas privadas atingiu 21,34% em maio deste ano, ante 8,41% no mesmo mês de 2019. 

O anúncio de reabertura previsto para 8 de setembro foi feito pelo governo de São Paulo na última quarta-feira (24). A volta às aulas estará condicionada à permanência de todas as regiões do estado na fase amarela por 28 dias.

 De acordo com o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva, o adiamento do início das aulas –previstas para agosto– também afeta a área financeira desses colégios que, além de já terem feito investimentos em equipamentos para retomada, também contam com um grande volume de mensalidades negociadas e não tiveram o acesso ao crédito necessário.

 

“Concordamos que a volta devia ser parcelada, não estamos querendo voltar a qualquer custo. Também achamos que não deve ser agora, mas um grande número de escolas já se preparou, temos um protocolo assinado por médicos e cientistas para seguir na reabertura”, afirmou Silva.

 

“O lado financeiro já está bastante prejudicado, de 30% a 50% das escolas de educação infantil vão sucumbir. Já temos várias que precisaram fechar as portas e o número só não será maior porque a grande maioria das escolas tem até o ensino médio”, disse.

Em carta aberta divulgada neste sábado (27), o presidente do Sieeesp também afirmou que é inaceitável a postura do governo do Estado de acreditar que ao proibir as escolas particulares da reabertura prévia, as igualará à rede estatal.

 “Isso é nivelar por baixo. [...] Se a escola particular consegue ser mais ágil, se tomou todas as medidas e se preparou de maneira mais efetiva para voltar às aulas, [ela] não pode ser obrigada a pagar o alto preço da inoperância do Estado”, afirmou.

A carta é uma resposta à entrevista do secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares à Folha, em matéria publicada na quinta-feira (25). Na entrevista, o secretário fala que uma abertura simultânea seria uma questão de equidade e diz não aceitar o discurso de datas diferentes para a reabertura da rede pública e da rede privada.

 “Abrir para a [escola] privada primeiro seria uma desigualdade ainda maior do que a que já existe, é inaceitável. A escola do rico pode abrir, a do pobre, não?”, disse Soares na entrevista à Folha. 

O presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo), Celso Napolitano, também contrário à volta antecipada do ensino privado, afirma ainda que a reabertura não pode ser apenas baseada em protocolos sanitários.

 

“Não adianta voltar de afobação e ter mais uma onda de contaminação. Tem toda uma questão que envolve pedagogia, segurança, acolhimento dos jovens, tranquilidade dos pais de alunos. Mas parece que ele [o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva] se pauta apenas pelo fato de que, se estiver aberto, poderá justificar a cobrança de mensalidade e a aplicação do contrato de prestação de serviços”, afirmou Napolitano.

 Pesquisa do Datafolha publicada neste sábado aponta que 76% dos brasileiros acreditam que as escolas deveriam permanecer fechadas nos próximos dois meses por causa da pandemia de coronavírus – a maioria da população em todas as faixas etárias e de rendas abordadas no levantamento defende que as aulas presenciais ainda não sejam retomadas. 

As entidades representantes dos professores em São Paulo também afirmam que, apesar de existir uma preocupação sobre o nível de desemprego entre os profissionais da categoria ,em um momento de retomada e frente ao encerramento das atividades de algumas escolas, existem pontos importantes sobre a volta às aulas que precisam ser abordados.

 Segundo o presidente do Sinpro-SP (Sindicato dos Professores de São Paulo), Luiz Antonio Barbagli, é preciso equilibrar o sistema em relação aos níveis pedagógicos, financeiros e sanitários para que haja uma volta organizada.

“Em nenhum momento há a descrição de quais serão as condições para a retomada das aulas presenciais. Sobre como será a integração de ensino presencial e online ou como o conteúdo programático será cumprido com apenas um terço dos alunos nas salas de aula. Eu não posso dar preferência para o aluno da escola privada no vestibular ou no Enem, que vão acontecer mais cedo ou mais tarde”, disse.

“Precisamos ter um equilíbrio e ter cuidado para não ficar mais na linha de ‘preciso de dinheiro’ do que na linha de se preocupar com as outras coisas. O resto não pode ser periférico”, afirmou Barbagli.

Na carta aberta, Silva, do Sieeesp, também afirma as escolas particulares atendem mais de um milhão de alunos das classes C, D e E e que a volta parcelada às aulas atenderia justamente aqueles que não têm acesso fácil à internet ou às aulas nas plataformas online.

“As escolas particulares estão capacitadas. O que o Estado deveria fazer é elevar urgentemente o nível da escola pública para o que existe de melhor hoje na particular, e não o contrário. Tentar rebaixar [o ensino privado] não levará a lugar nenhum”, disse.

 Veja a matéria completa em:

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/06/escolas-privadas-em-sp-sofrem-com-disparada-da-inadimplencia-e-pedem-para-reabrir.shtml 

 

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