Quase quatro em cada dez alunos do 9º ano do ensino fundamental na cidade de São Paulo já sofreram bullying, segundo dados de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na última quarta-feira (13).
Os dados mostram que 38,3% dos estudantes desta faixa etária, entre 13 e 15 anos, já sofreram este tipo de violência psicológica na capital paulista.
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) mostrou ainda que esse número diminuiu em 2019, último ano da pesquisa, em relação a 2015, quando o índice chegou a 47,3%.
O percentual da capital paulista é similar à média nacional (40,3%) aferida pela pesquisa, que analisou a situação nas 27 capitais do país. Dentre essas cidades, Porto Velho foi a que registrou maior índice de adolescentes vítimas de bullying, com 47,9% do total de alunos entrevistados.
A pesquisa mostrou também que a proporção de adolescentes que já sofreu bullying na capital paulista foi similar nas escolas privadas (40%) e nas públicas (37,8%).
Os dados mostram, no entanto, uma diferença entre meninas e meninos: 32,1% dos alunos da capital sofreram bullying, contra 43,3% das alunas.
Em 2012, a família de uma estudante chegou a processar o governo de São Paulo por conta das humilhações e perseguições sofridas ao longe de quatro anos em uma escola estadual. No processo, ela relata que foi vítima de perseguições e xingamentos por parte de alguns colegas, que chegaram a atirar goiabas nela, mexer em sua mochila e expor peça íntima com resquícios de menstruação. Neste ano, a Justiça de São Paulo condenou o governo paulista a pagar R$ 10 mil de indenização à jovem.
De acordo com um estudo do Instituto Ayrton Senna em parceria com o governo estadual, estudantes vítimas de bullying podem enfrentar problemas de autoconfiança, apresentam menos curiosidade para aprender e se sentem menos entusiasmados no ambiente escolar.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um em cada três alunos já sofreu bullying em todo o mundo.
A pesquisa também avaliou os hábitos alimentares dos estudantes de 13 a 15 anos. Em São Paulo, quase metade (43%) dos alunos relatou ter consumido guloseimas doces em 5 dos 7 dias anteriores à pesquisa. No caso dos refrigerantes, o percentual foi menor: 21% dos adolescentes consumiu esse produto mais de cinco vezes na semana da pesquisa, na capital paulista.
O consumo de alimentos que não são saudáveis foi acompanhado de um alto percentual de adolescentes que não são fazem exercício com a regularidade necessária.
Em todo o país, 60% dos alunos do 9º ano foram classificados como insuficientemente ativos. Foram encontradas maiores proporções de meninas insuficientemente ativas do que de meninos.
Na capital paulista, esse percentual foi ainda maior: 65,5% dos estudantes foram insuficientemente ativos na semana anterior à pesquisa. A proporção de meninos que não se exercitam o bastante foi de 53,9% do total, enquanto entre as meninas este percentual foi de 74,8% do total.
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) é realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde e com o apoio do Ministério da Educação. O foco da pesquisa é conhecer e dimensionar os fatores de risco e proteção à saúde dos jovens em idade escolar.
O IBGE, no entanto, alerta que as estatísticas são classificadas como experimentais e devem ser usadas com cautela, pois utiliza métodos que ainda estão em fase de teste e sob avaliação.
Imagem: arquivo Sieeesp
Link da matéria: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/07/16/38percent-dos-adolescentes-da-cidade-de-sp-ja-sofreram-bullying-segundo-pesquisa-do-ibge.ghtml